10.3.08

Sr. Primeiro Ministro José Sócrates

"Ler jornais é saber mais!", ouvia e lia eu ainda estava do outro lado da sala de aula e, já o sabia, era uma forma de incentivo à leitura. Deu os seus frutos.

Apesar de estar aflito com os testes que ainda tenho para corrigir e avaliar, mesmo tendo roubado muito ao meu tempo não remunerado de fim-de-semana, roubo agora algum ao tempo de correcção para lhe enviar duas lições fresquinhas que, a meu ver, encaixam em qualquer mínimo de sensatez. Aqui vão:

"A democracia não se esgota no voto",
de André Freire, professor de Ciência Política no ISCTE

"A expressão de descontentamento na rua não pode estar assim tão longe das preferências populares como alguns alegam"

"...é imperioso concluir que a gigantesca manifestação de cerca de 100 mil professores não só demonstra uma enorme insatisfação de cerca de dois terços desta classe profissional, como evidencia que os mecanismos de concertação não têm funcionado, dando razão aos sindicatos. Mas esta manifestação, com pessoas de todos os partidos e quadrantes ideológicos (nomeadamente muitos votantes PS, em 2005...), foi, também uma grande lição de participação cívica."

"Contentes, agora?",
de Rui Tavares, historiador

"Um discurso que nos diz que todo o ensino público está mal não é nem nunca será reformista. O verdadeiro reformismo é realista: quer concentrar as suas forças no que está mal e não disparar em todas as direcções. E no ideal, o reformismo é progressista: só funciona quando dá às pessoas um horizonte de expectativas atingível e honesto. Quem quer um governo reformista não pode consegui-lo aliando-se à opinião mais pessimista e destrutiva, ainda que tacticamente. Se o fizer, começa com demonstrações de autoridade vácuas e acaba batendo com a cabeça no muro. Que isto sirva de lição..."

in Público, 10.03.2008

P.S.: Boas leituras. Sr. Sócrates, gosto deste seu apelido, faça-lhe justiça...

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