D'ouro
Subi e desci o Douro há dois anos. Para cima encarrilado, para baixo embarcado.Um dia, do Porto à Régua e daqui à Invicta.
Tinha lido, anteriormente, que a viagem era muito agradável e que as paisagens deslumbrantes. São. Embora a primeira um pouco cansativa num dia de calor - sempre são sete horas de descida.
Agradado com o que vi, não fiquei, contudo, deslumbrado. Não quero dizer com isto que a paisagem fica a dever aos elogios que lhe tecem, mas parece-me que a pena de quem os produziu não reside perto daquelas bandas. Um autóctone ou, pelo menos, alguém que tenha crescido no norte rural, ou com ele tenha tido contacto, toma como naturais e garantidas aquelas belezas. Já quem habituado está ao betão e às irregularidades urbanísticas da capital, de onde provem a publicação que bendisse as paisagens referidas, mais facilmente se deslumbra.
É a oferta e a procura. Tudo se tem e nem tudo se tem na capital. Tudo se tem e nem tudo se tem na cidade. Tudo se tem e nem tudo se tem no "campo". Tudo e nada se tem dependendo daquilo que se quer ter. E nunca se pode ter tudo.
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