Isto não é um título
Chego à escola e recebo várias notícias: que foi um corropio no dia anterior para me tentarem telefonar (haja um dia); que serei classificador das Provas de Aferição (hajam poucos); que tenho uma reunião de tal esclarecedora às 16 horas (antes hajam).
Chego à reunião e há várias coisas a fazer: conhecer critérios de classificação; aprender como aplicá-los; analisar casos práticos.
Chego aos casos práticos: pacíficos; nem tanto; subjectivos.
Chego aos subjectivos: fiquemo-nos por uma questão de atribuição de um título. Analisam-se diversos e respectiva propriedade na atribuição. Destaca-se um, por isso polémico, que sendo, quase consensualmente considerado adequado, não o deve ser, ao que parece, principalmente por ser extenso. Ora, um título pode ser adequado ou não; pode sintetizar, ou não, as ideias veiculadas pelo texto que encabeça; pode revelar-se insuficiente, incompleto, equivocado; pode, por outro lado, ser brilhante ou genial. Mas inadequado pela extensão? Mesmo quando imbuído do espírito das palavras que antecede?
Estarei enganado? Não me admiraria.
Deixo aqui, todavia, dois títulos de capítulos, pouco sintéticos em palavras, não meus, mas de Umberto Eco, em O Nome da Rosa. Se há algo que salta à vista nesta obra é a sua estrutura indisfarçadamente preparada e propositadamente evidenciada. Se há algo que se destaca pela invulgaridade são os títulos dos capítulos: na forma, no conteúdo, na extensão. Escolho estes dois porque me fizeram rir. O segundo dir-se-ia feito de propósito para este dia e para este post. Inadequados? É ler o livro. Ou os títulos. Só por isso vale a pena.
"Onde se fala ainda com o Abade, Guilherme tem algumas ideias mirabolantes para decifrar o enigma do labirinto, e o consegue de modo mais razoável. Depois come-se queijo em pastelinhos." (p. 197, Colecção Mil Folhas, Público)
"Onde, para resumir as revelações prodigiosas de que aqui se fala, o título deveria ser tão longo como o capítulo, o que é contrário aos costumes." (p. 439, idem)
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