9.7.08

O óbito

Era um morto que nunca tinha sido enterrado por não ter conseguido comprovar o seu óbito. Os factos falavam por si, mas faltava o impresso preenchido e o relatório descritivo. Era sozinho e pouco letrado e não tinha quem o ajudasse nessas tarefas de responsabilidade. Deram-lhe um prazo e propuseram-lhe formações para aumentar a sua competência. Não pôde frequentá-las por impedimento pessoal. Passou a não poder ter direito a um funeral pela falta do relatório e do preenchimento do impresso declarativo de óbito, por incumprimento de prazos e por recusa em frequentar formações pensadas para o ajudar. Foi, ainda, acusado de desrespeito, devido a inegável falta de higiene comprovada pelo cheiro nauseabundo a que tresandava.

4 comentários:

Anônimo disse...

Amigo, não sei de onde te veio a inspiração para escrever isto mas só te digo... pergunta ao Dani sobre "mortos" e "morgue" e ele irá com certeza ter uma história engraçada para te contar. Engraçada ou não.

palavras do povo disse...

Olá!
A inspiração veio da burocracia imbecil que me rodeia.
Não me podes tu dizer do que se trata? Era mais prático. Essa coisa das mortes e das morgues.
Não é segredo, pois não?
No meu post eu só estou a tentar ridicularizar a burocracia e, de alguma forma, a "morte" que espalha à sua volta por entupimento, cansaço, distorsão da realidade e perda de tempo.

Luis Alves Pinto disse...
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