15.1.09

Middle names

Tenho um problema com os escritores russos. Os nomes. Para além de compridos individualmente, os poucos autores que li insistem em usar nomes completos para as personagens. Além disso, ora as tratam por um, ora por outro dos nomes, ora por um diminutivo. A coisa é provavelmente cultural, parece, pelo menos, mas complica-me a vida. Eu, que considero ter boa memória, excessiva, às vezes, ao ponto do pormenor desinteressante, tenho que andar página atrás página à frente a confirmar se já se falou desta ou daquela alma ou se é mesmo de quem estou a pensar que se fala. Quase que perco o fio à meada. Ao mesmo tempo é algo que me deixa curioso: esta coisa da memória se baralhar só porque algo tão simples como um nome (pelos vistos não é assim tão simples) tem aparência, estrutura e sonoridade diferentes. A começar pelos nomes, os russos estão em vantagem. A complexidade das coisas simples coloca-os um passo à frente na compreensão das coisas. Ao que me é dado a perceber, e tudo isto são primeiras e enganadoras impressões, toda a Rússia (e não pejorativos afins) é todo um diverso sistema. Vai-se lendo um livro e vai-se percebendo que há, ou que houve, uma espécie de personalidade global particular. Modos de ver, de fazer e de sentir especiais ainda que universais. Pensando bem, o que é a identidade cultural se não isso? Mas esta aparenta ser especialmente forte.
Na cabeceira, dois nomes. Leão Nicolaevich Tolstoi. Boris Leonidovich Pasternak. Biografia do primeiro. Jivago do segundo. O problema são os middle names, vejo agora. Será por isso que não aparecem nas capas? Será falta de espaço? Ou economia editorial de tinta?

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