30.3.09

Liberdade

A propósito do que se teria passado na sala G2 do pavilhão de Educação Física na sexta-feira de manhã, a saber, entre outras coisas, um pequeno sketch sobre a Criação do mundo em sete sete dias (sim, sete, ao sétimo foi criado o descanso) conversava-se na sala de professores. Um deles comenta "...não sei como podem deixar dizer uma coisa dessas numa escola..." (qualquer coisa assim). Um outro, que nem sempre sabe estar calado (raramente), e que trabalhava nas imediações, devolve "É a liberdade, amigo...", num tom que pretendia ser convincente, mas amistoso e brincalhão. A reacção foi de surpresa. E, parece-me, de alguma animosidade. Como se eu, sim eu, quem havia de ser o desbocado, não tivesse o direito de contrapor a minha opinião, ainda mais sobre assunto tão ignóbil para mentes académicas. Nem um nem outro nos alongámos muito na discussão (conversa), sabendo tacitamente, talvez por experiência, que as conclusões permaneceriam as mesmas e as de cada um com cada qual. Talvez o tom ou a oportunidade não tenham sido os melhores. A sensação com que fiquei de que possa ter ofendido não me agrada (nunca me agrada), tratando-se, ainda por cima, de alguém divertido e simpático. Por outro lado, apenas contrapus a minha opinião, o que, em si só, é uma liberdade não passível de causar ofensa. Assim me parece. Custa-me aceitar este agir e falar pensando que todos à volta dificilmente terão opinião diferente. Que todos serão, à partida, mainstream. Ainda assim, talvez devesse ter ficado calado. De bom, fiquei a saber que há mais na escola com a minha convicção. "Mas amigos na mesma...", tentei apaziguar. "Claro!", respondeu ele. E eu sei, também por experiência, que de grandes discussões e divergências podem sair ainda maiores amigos.

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